Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago é um romance que explora a fragilidade da sociedade humana quando confrontada com uma epidemia inexplicável de cegueira branca. A narrativa começa com um homem que, ao dirigir, de repente perde a visão, descrevendo a experiência como mergulhar em um mar de leite. Essa cegueira rapidamente se espalha, levando o governo a isolar os infectados em um manicômio abandonado, onde o caos e a desumanidade se desenrolam. A história é contada de maneira alegórica, sem nomes específicos para os personagens, referidos apenas por suas características, como o "Primeiro Cego" e a "Mulher do Médico." A única pessoa que mantém a visão é a esposa do médico, que se torna uma figura central na tentativa de manter a ordem e a dignidade entre os internados. Saramago utiliza uma prosa longa e intrincada, frequentemente desprovida de pontuação convencional, o que intensifica a sensação de confusão e desorientação que permeia a história. O romance é uma poderosa reflexão sobre a condição humana, a moralidade e a ética em tempos de crise. Saramago desafia os leitores a reconsiderarem o que significa ser humano em uma sociedade que rapidamente desmorona diante do desconhecido. "Ensaio sobre a Cegueira" não é apenas uma obra de ficção, mas um espelho perturbador das vulnerabilidades e resiliências da humanidade. Este livro tem sido amplamente reconhecido e discutido, não apenas pela sua narrativa envolvente, mas também pelas questões filosóficas e sociais que levanta. A obra foi adaptada para o cinema em 2008, reforçando seu impacto cultural e sua relevância contínua.
Uma terrível treva branca vai deixando cegos, um a um, os habitantes de uma cidade. Com essa fantasia aterradora, Saramago nos obriga fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu. Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas. O Ensaio sobre a cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".