Sérgio Buarque de Holanda foi um historiador, sociólogo e escritor brasileiro. Foi também crítico literário, jornalista e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Pai dos músicos Chico Buarque, Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina Buarque e também tio do linguista da Academia Brasileira de Letras Aurélio Buarque de Holanda. Pai dos músicos Chico Buarque, Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina Buarque e também tio do linguista da Academia Brasileira de Letras Aurélio Buarque de Holanda.
Nunca será demasiado reafirmar que Raízes do Brasil inscreve-se como uma das verdadeiras obras fundadoras da moderna historiografia e ciências sociais brasileiras. Tanto no método de análise quanto no estilo da escrita, tanto na sensibilidade para a escolha dos temas quanto na erudição exposta de forma concisa, revela-se o historiador da cultura e ensaísta crítico com talentos evidentes de grande escritor. A incapacidade secular de separarmos vida pública e vida privada, entre outros temas desta obra, ajuda a entender muito de seu atual interesse. E as novas gerações de historiadores continuam encontrando, nela, uma fonte inspiradora de inesgotável vitalidade. Todas essas qualidades reunidas fizeram deste livro, com razão, no dizer de Antonio Candido, "um clássico de nascença".
Caminhos e fronteiras é a história da lenta ocupação territorial promovida pelos bandeirantes. História dos processos e procedimentos desta empresa, nela Sérgio Buarque de Holanda descreve técnicas e práticas cotidianas - de caça e coleta, de lavoura, de viagem, de vestimenta. Detendo-se em dados referentes à mentalidade dos paulistas, aponta a maneira específica como estes foram levados a amalgamar a experiência indígena a seus interesses específicos. Com isso, as vastas transformações ocorridas no país até o século XIX adquirem o contorno das coisas vividas. Caminhos e fronteiras, como tantas outras obras do autor - Raízes do Brasil, Visão do paraíso, Monções -, está entre o que de melhor já se produziu como História do Brasil.
Examinando um período abrangente, que se inicia nos primeiros contatos realizados pelos colonizadores portugueses e espanhóis com o continente americano, até o século XVI, Visão do Paraíso inaugura o ensaísmo sobre o imaginário do colonizador. O livro, editado pela primeira vez em 1959, antecipou a historiografia das mentalidades ao estudar os mitos edênicos que acompanharam as narrativas dos descobrimentos e da colonização da América. Na época de seu lançamento, predominava o cunho econômico-social dos estudos, mas Sérgio Buarque de Holanda recompôs a concepção paradisíaca que os descobridores tinham do Novo Mundo, desenvolvendo uma abordagem de longa duração, cujos efeitos se fazem sentir até os dias de hoje. O diálogo estabelecido com a historiografia europeia, acompanhado de um domínio amplo das fontes documentais que retratam as visões idílicas do continente americano, permitiu ao autor realizar uma comparação particularmente original entre a colonização portuguesa e a espanhola da América. O autor nos mostra como as descrições do Novo Mundo produzidas pelos conquistadores castelhanos estão repletas de elementos fantásticos e correspondem fielmente às temáticas edênicas, enquanto, no caso português, o pragmatismo lusitano assume o lugar da imaginação criadora, assegurando às visões do Paraíso um espaço limitado na América portuguesa. Nas palavras de Sérgio Buarque: "todo o mundo lendário nascido nas conquistas castelhanas e que suscita eldorados, amazonas, serras de prata, lagoas mágicas, fontes de Juventa tende antes a adelgaçar-se, descolorir-se ou ofuscar-se, desde que se penetra na América lusitana". Esta nova edição traz um caderno de imagens com reproduções de documentos e fotografias do acervo pessoal do autor, além de posfácios inéditos dos historiadores Laura de Mello e Souza e Ronaldo Vainfas.
A obra analisa diferentes campos da formação histórica do país, da organização material da sociedade às formas da cultura e do pensamento. Os dois primeiros volumes são dedicados à época colonial. Diferentes especialistas estudam o processo de constituição e consolidação do Brasil como colônia portuguesa, abrangendo desde os aspectos econômicos e sociopolíticos até os temas medicina colonial, música barroca e expedições científicas. O primeiro volume relançado, Do descobrimento à expansão territorial, pertence ao Tomo 1 ― A época colonial e está dividido em cinco partes ― O velho mundo e o Brasil; A terra e a gente; O advento do homem branco; A ameaça externa; e A expansão territorial. O próximo será Administração, economia, sociedade. O período monárquico é tratado em cinco volumes. Inicia-se com a análise das condições de emancipação do Brasil e se encerra com a crise do regime monárquico e a transição para a República, em um volume, hoje clássico, inteiramente escrito por Sérgio Buarque de Holanda. Os quatro volumes do período republicano dividem-se em duas épocas: uma anterior e outra posterior a 1930, ano de crise mundial e de revolução no Brasil. Há na parte final dos livros que encerram cada período uma bibliografia e uma cronologia sumária, indicando os acontecimentos.
O crítico, historiador e sociólogo paulista Sérgio Buarque de Holanda é um dos maiores intelectuais brasileiros no século XX. Autor de obras capitais, alguns de seus conceitos se tornaram modelos clássicos de interpretação de nossa história. Entre eles se destaca o do “homem cordial”, presente em Raízes do Brasil (1936), seu primeiro livro, no qual o autor investiga as origens de uma forma de sociabilidade brasileira, mais afeita aos contatos informais e à negação das esferas públicas de convívio. Crítico, ele mostra como a “cordialidade” leva a uma relação problemática entre instâncias públicas e privadas. Este volume reúne, além de “O homem cordial”, outros momentos altos da produção intelectual de Sérgio Buarque de Holanda: “O poder pessoal” (da coleção História geral da civilização brasileira), “Experiência e fantasia” (de Visão do Paraíso), “Poesia e crítica” (de O espírito e a letra) e “Botica da natureza” (de Caminhos e fronteiras). O conjunto é uma excelente introdução ao pensamento do autor, ou a oportunidade de voltar a esses textos fundamentais, que aliam o rigor metodológico do grande historiador e crítico à fluência narrativa do mestre da língua.
Monções, volume publicado originalmente em 1945, trata das expedições portuguesas ao interior da Colônia por rios do Sudeste e do Centro-Oeste. Aqui, com grande talento narrativo e habilidade ímpar de compreensão histórica, o autor reconstitui o processo de adaptação dos portugueses ao território americano de forma original, a partir de descrições palpáveis da áspera empreitada colonial. Em sua quarta edição, o livro é publicado ao lado de coletânea de organização inédita, Capítulos de expansão paulista - cujo título (inspirado em Capistrano de Abreu) dá continuidade à série dos escritos inacabados do historiador paulista, tais como Capítulos de literatura colonial e Capítulos de história do Império. Esta reúne “fragmentos” do projeto idealizado por Buarque de Holanda de reescrever e ampliar Monções com novas informações que recolhera ao longo de pesquisas feitas em Cuiabá e Lisboa, e portanto lhe serve de complemento perfeito. A hipótese da tentativa de “reescritura” de Monções, fato novo e instigante nos estudos sobre Sérgio Buarque, é ancorada em pesquisas desenvolvidas pelos organizadores, nas quais tiveram acesso a documentos inéditos.
Tentativas de Mitologia' é uma segunda coletânea que reúne a vasta e até agora dispersa produção de Sérgio Buarque de Holanda na crítica cultural e literária. A importância desses trabalhos, muitos dos quais surgidos no âmbito de polêmicas do mais alto interesse para a nossa cultura, já era conhecida por todos aqueles que tiveram ocasião de lê-los no ensejo de sua publicação ou consultá-los em difíceis buscas pelas páginas dos jornais. Justifica-se pois, plenamente, a sua edição atual, que ressalta, uma vez mais, a riqueza da obra de um dos mais notáveis polígrafos da moderna cultura brasileira, ao mesmo tempo que reinsere estes elementos pouco divulgados de sua contribuição no diálogo e sobretudo no debate crítico e literário de hoje.
Reunindo pela primeira vez textos dispersos de Sérgio Buarque de Holanda publicados originalmente como prefácios e introduções, esse livro resgata para o leitor de hoje capítulos importantes das reflexões sobre história e literatura do grande mestre de Raízes do Brasil e Visão do paraíso. Em apresentações curtas ou ensaios longos, aqui se encontram a extraordinária erudição, a originalidade de pensamento e a profundidade de análise de um dos autores fundamentais da formação cultural brasileira.
Saiba maisA História Geral da Civilização Brasileira é uma coleção sem paralelo na nossa produção intelectual, abrangendo cronologicamente toda a História do Brasil, em um nível de tratamento elevado, mas não indecifrável. Constitui-se de uma coleção de 11 volumes, dirigida por Sérgio Buarque de Holanda (períodos colonial e monárquico) e Boris Fausto (período republicano). A obra analisa diferentes campos da formação histórica do país, desde a organização material da sociedade até as formas da cultura e do pensamento. Os dois primeiros volumes foram dedicados à época colonial. Diferentes especialistas estudam o processo de constituição e consolidação do Brasil como colônia portuguesa, abrangendo desde os aspectos econômicos e sociopolíticos até temas como os da medicina colonial, a música barroca, as expedições científicas. O período monárquico é trata em cinco volumes. Abre-se com a análise das condições de emancipação do Brasil e se encerra com a crise do regime monárquico e a transição para a República, em um volume, hoje clássico, inteiramente escrito por Sérgio Buarque de Holanda. O período republicano divide-se cronologicamente em duas épocas: uma anterior e outra posterior a 1930, ano de crise mundial e de revolução no Brasil. Nestes volumes, em número de quatro, diferentes autores analisam desde o processo de implantação da chamada República Velha até as complexas estruturas e relações sociais que caracterizam o Brasil de anos mais recentes. Ao mesmo tempo, figuram nos volumes textos sobre a produção cultural, abrangendo o cinema, o teatro, a música popular etc. Nos livros que encerram cada período, há na parte final uma bibliografia e uma cronologia sumária. Esta indica os acontecimentos relevantes no Brasil e no mundo que servem de marco de referência para o período considerado. Convivem na História Geral da Civilização Brasileira algumas gerações de intelectuais, que expressam muitas vezes pontos de vista diversos, a partir de diferentes ângulos de abordagem. Os organizadores da coleção consideraram bem-vinda esta pluralidade. Isto porque buscaram não só informar o leitor da maneira mais ampla possível, como também dar-lhe instrumentos adequados para uma reflexão própria. Não foi por acaso que descartaram uma visão triunfalista da nossa História (tão distante da realidade), levada a cabo por grandes personagens capazes de mover o mundo. Não foi por acaso também que deixaram de lado uma visão histórica na qual desponta um quadro predeterminado e os processos históricos e as ações humanas acabam por ser peças de um jogo cujo resultado se sabe de antemão. As questões se abrem a partir da linha de interseção entre condicionamentos socioeconômicos, culturais etc. e as opções possíveis dos seres humanos que fazem a História. Há mais de uma resposta para estas questões, e o leitor, bem-informado, terá certamente a sua.
Saiba maisEste décimo primeiro volume, o último da coleção, analisa economia e cultura brasileiras entre a Revolução de 1930 e o Golpe Militar de 64. Os dois primeiros volumes são dedicados à época colonial: Do descobrimento à expansão territorial e Administração, economia, sociedade. Especialistas estudam o processo de constituição e consolidação do Brasil como colônia portuguesa, abrangendo desde os aspectos econômicos e sociopolíticos até os temas medicina colonial, música barroca e expedições científicas. O período monárquico é tratado em cinco livros: O processo de emancipação, Dispersão e unidade, Reações e transações, Declínio e queda do império e Do império à república. Inicia-se com a análise das condições de emancipação do Brasil e se encerra com a crise do regime monárquico e a transição para a República, em um volume, clássico, inteiramente escrito por Sérgio Buarque de Holanda. Os quatro volumes do período republicano, por sua vez, são Estrutura de poder e economia (1889-1930), Sociedade e instituições (1889-1930), Sociedade e política (1930-1964) e Economia e cultura (1930-1964). Dividem-se em duas épocas: uma anterior e outra posterior a 1930, ano de crise mundial e de revolução no Brasil. Há, na parte final dos livros que encerram cada período, uma bibliografia e uma cronologia sumária, indicando os acontecimentos relevantes no Brasil e no mundo, que servem de marco para a época estudada.
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