Erico Lopes Verissimo foi um dos escritores brasileiros mais populares do século XX. Conheça a nossa dos top 10 melhores livros de Érico Verissimo.
O Continente abre a mais famosa saga da literatura brasileira, O tempo e o vento. A trilogia ― formada por O Continente, O retrato e O arquipélago ― percorre um século e meio da história do Rio Grande do Sul e do Brasil, acompanhando a formação da família Terra Cambará. Num constante ir e vir entre o passado ― as Missões, a fundação do povoado de Santa Fé ― e o tempo do Sobrado sitiado pelas forças federalistas, em 1895, desfilam personagens fascinantes, eternamente vivos na imaginação dos leitores de Erico Verissimo: o enigmático Pedro Missioneiro, a corajosa Ana Terra, o intrépido e sedutor Capitão Rodrigo, a tenaz Bibiana.
Primeiro best-seller de Erico Verissimo, Olhai os lírios do campo representou uma guinada na carreira literária do escritor. Várias edições se esgotaram em poucos meses. Segundo Erico, o sucesso foi tão grande que "teve a força de arrastar consigo os romances" que publicara antes em modestas tiragens. Eugênio Pontes, moço de origem humilde, a custo se forma médico e, graças a um casamento por interesse, ingressa na elite da sociedade. Nesse percurso, porém, é obrigado a virar as costas para a família, deixar de lado antigos ideais humanitários e abandonar a mulher que realmente ama. Sensível, comovente, Olhai os lírios do campo é um convite à reflexão sobre os valores autênticos da vida.
O Retrato é a segunda parte da mais famosa saga da literatura brasileira, O tempo e o vento. A trilogia de Erico Verissimo ― formada por O Continente, O Retrato e O arquipélago ― percorre um século e meio da história do Rio Grande do Sul e do Brasil, acompanhando a formação da família Terra Cambará. Nos dois volumes de O Retrato, Rodrigo Terra Cambará, neto do heroico capitão Rodrigo, constrói uma imagem de político popular e generoso, enfrentando as contradições de seus afetos privados e reafirmando sua inteireza ética e sua coragem. Homem sedutor, torna-se líder populista e muda-se para o Rio de Janeiro. Em 1945, porém, com a queda de Vargas, ele volta à cidade natal para um ajuste de contas com a família. No entanto, os Terra Cambará não se reconhecem mais no país que ajudaram a construir.
Depois de O Continente e O Retrato, O arquipélago finaliza a trilogia protagonizada pela família Terra Cambará. Santa Fé, o Rio Grande do Sul e o Brasil como um todo se modernizam e já não cabem nos planos das oligarquias tradicionais. Os Cambará retiram o apoio ao governo e aderem à revolução de 1923. A história fictícia da família se mistura com a realidade fervilhante do país na primeira metade do século XX. As disputas pelo poder, a bravura e o amor marcam esta obra que se firmou como um clássico da literatura brasileira.
Clarissa vem de uma cidadezinha do interior para estudar na capital, Porto Alegre, onde mora na pensão de tia Eufrasina. Com os olhos voltados para o futuro, Clarissa é o contraponto de Amaro, outro morador da pensão, músico malsucedido preso a sonhos passados que o presente recusa-se a concretizar. Através do olhar de uma adolescente alegre e otimista, Erico Verissimo revela não só a realidade de uma pensão pequeno-burguesa, mas também a situação do Brasil e do mundo na década de 30, com todo seu deslumbramento e iniqüidade.
Neste romance, Erico Verissimo narra episódios da vida de duas dezenas de personagens na Porto Alegre da década de 1930 e tece uma crítica incisiva aos desníveis sociais e à hipocrisia moral de nossa sociedade. Com apresentação de Antonio Candido e prefácio de Moacyr Scliar. Leitura obrigatória do vestibular da Unicamp. Influenciado pela técnica de intrigas entrelaçadas e pela ausência de personagem principal da ficção de Aldous Huxley, Erico Verissimo escreveu Caminhos cruzados, tendo como cenário uma Porto Alegre onde já se confrontavam modernização e miséria, luxo e desencanto. Sem narrar acontecimentos de vulto, o autor expõe o nervo da fragilidade humana. Sua capacidade de fabulação ainda hoje provoca impacto e lança um apelo à sensibilidade.
"Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando", costuma dizer Ana Terra, que reside com os pais e os dois irmãos numa estância erma do interior gaúcho, na segunda metade do século XVIII. O cotidiano dos Terras é duro, penoso, arriscado. Tiram sustento da colheita. Calculam a passagem do tempo observando a natureza. Vivem sob o perigo de ataques de índios ou de renegados castelhanos, estes últimos recentemente expulsos do Continente de São Pedro. Ana Terra, única filha mulher, é impedida de comprar um espelho, "coisa do diabo", objeto fútil nesse ambiente austero. Sem ter onde mirar-se, só pode contemplar sua figura na superfície do regato onde lava a roupa da família. É nesse regato que ela depara com Pedro Missioneiro, ferido à bala. Mestiço de índio nascido numa missão jesuítica, Pedro lutara ao lado dos estancieiros pela expulsão dos castelhanos. Após restabelecer a saúde, pouco a pouco vence a desconfiança dos Terras e a repulsa de Ana, para quem sua "presença era tão desagradável como a de uma cobra". Sem perceber, a moça enamora-se de Pedro, uma atração trágica e irresistível que muda a vida da família Terra para sempre. Marcada por uma beleza áspera, com personagens fortemente ligados à natureza que os sustenta e os agride, Ana Terra faz parte da saga O tempo e o vento, obra-prima de Erico Verissimo.
No outono de 1941, Erico Verissimo testemunha a morte de uma "rapariga loura, alva e franzina" que se joga de um prédio no centro de Porto Alegre. O desassossego por ter presenciado essa cena o leva a escrever O resto é silêncio, que inicia justamente com a queda de uma moça do alto de um espigão da capital gaúcha. A história, narrada a partir de diferentes perspectivas, transcorre em pouco mais de 24 horas, entre a tarde da sexta-feira da Paixão e a noite do sábado de Aleluia. O destino da moça, que no enredo imaginado pelo escritor é uma simples vendedora de um grande magazine, revela-se o ponto de ligação entre as trajetórias dos diversos personagens. Neste romance, considerado a ponte artística para a saga O tempo e o vento, Erico atinge não só a mestria na técnica do contraponto dramático - aprendida com o romancista inglês Aldous Huxley - como também a maturidade na composição dos personagens. O resultado é um texto denso e comovente, profundamente afinado com as preocupações sociais e estéticas do autor e com os sombrios sinais de desastre que percorriam o mundo na esteira da Segunda Guerra Mundial.
Saiba maisQuando Rodrigo Cambará surge no povoado de Santa Fé, em outubro de 1828 - a cavalo, chapéu caído na nuca, cabeleira ao vento, violão a tiracolo -, parece chamar encrenca. Com a patente de capitão, obtida no combate com os castelhanos, é apreciador da cachaça, das cartas e das mulheres. Homem de espírito livre, não combina com os habitantes pacatos do local, mantidos no cabresto pelo despótico coronel Ricardo Amaral Neto. Mas depois de conhecer Bibiana Terra, nada convence Rodrigo a arredar o pé da aldeia. Nem a aspereza de Pedro, pai de Bibiana, nem a zanga do coronel, que não vê com bons olhos os modos do capitão. Nem mesmo o fato de a moça ser cortejada por Bento Amaral, filho de Ricardo. Voluntariosa, Bibiana desconfia das intenções do forasteiro. Rodrigo, porém, está apaixonado por ela e quer casar-se. Como ele mesmo diz, não tem medidas, "é oito ou oitenta". Para o capitão Cambará, é matar ou morrer, num descomedimento que sugere o descortinar de uma crise anunciada. Descrente dos valores prefixados, sejam eles impostos pelo governo ou pela Igreja, Rodrigo é insubordinável: "Se Deus fez o mundo e as pessoas, Ele já nos largou, arrependido". Personagem multifacetado, ora simpático ora cruel, revela o poder de Erico Verissimo de criar figuras cativantes. Extrato da trilogia O tempo e o vento, Um certo capitão Rodrigo mescla à ficção fatos da história brasileira, como a Revolução Farroupilha. Foi lançado, ainda em vida do autor, como romance à parte, dotado que é de vigor e encantamento próprios.
Saiba maisA novela Noite é única na obra de Erico Verissimo. Isenta do caráter épico de O tempo e o vento, não pratica a crônica de costumes dos romances do "ciclo de Porto Alegre", não busca o realismo e não tem o tom de crítica e sátira política de O senhor embaixador e Incidente em Antares. Noite é uma viagem ao interior da culpa. O personagem central, o "Desconhecido", ou "Homem de gris", perambula pelas ruas de uma cidade submersa no anonimato sem reconhecê-las. Não sabe quem é, nem de onde veio, nem aonde dirigir seus passos. Atormenta-o uma culpa inenarrável. Sabe que cometeu um crime, mas não sabe como fazer para descobrir qual foi esse crime - e qual é sua identidade. Usando os cenários conhecidos, Erico compôs o painel social de uma sociedade que se perdeu em seus labirintos, tomada pelo anseio de modernidade, e ao mesmo tempo presa a suas raízes do passado. A novela fala de seres neutralizados pelo anonimato que caracteriza a modernidade: por isso todos os personagens flutuam no espaço intermediário das almas condenadas ao eterno purgatório.
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